Luciano Huck: ainda mais palpável
Há pouco mais de dez dias, escrevi neste Blog que a candidatura de Luciano Huck precisava ser compreendida como algo "entre plausível e o imponderável". As coisas no Brasil destes correm muito rápido. Na vertigem do dia-a-dia, o sólido se desmancha no ar tanto quanto o gasoso se liquefaz; a fumaça torna-se espessa e o que era ar torna-se algo mais concreto: pó, pedra e chão.
Dizia que havia no ambiente político elementos que o favoreciam a emergência de um candidato outsider: o sistema se esgotara num profundo desgosto da opinião pública em relação à quase totalidade de partidos e personagens políticos; o ciclo, iniciado nas manifestações de 2013 e que teve seu ápice no impeachment de Dilma Rousseff, também perdera força: supostos heróis morriam de overdose fisiológica e ou precipitação eleitoral. No mais, a ânsia pelo novo.
Já na ocasião, o apresentador da Rede Globo deixara de ser um balão de ensaio, começava a se articular com importantes personagens da economia e da política. Ouvia, ouvia e ouvia. E o pouco que falava encontrava, no entanto, o eco que pretendia, de acordo com seus interlocutores.
De lá para cá sua ainda hipotética candidatura apenas se robusteceu, no alargamento de seus contatos com o mundo político e empresarial como também na manchete do Estadão de hoje que dá conta, por meio da pesquisa Barômetro Político, feita pelo jornal em parceria com o instituto Ipsos, de que a aprovação ao nome de Huck já ronda hoje o patamar dos 60%.
Claro que isto não se confunde com intenção de voto e nem é um indicador de sucesso eleitoral garantido. Mas, torna-se elemento que permite compreender que a hipótese de sua candidatura já ganha as ruas, considerada, sim, bastante plausível. A meu juízo, dependendo apenas da decisão do próprio apresentador, posto que já teria bases, equipe e partidos a estender-lhe o tapete vermelho.
O que Luciano Huck abandonaria para se candidatar não pode, porém, ser subestimado: mais que seu programa e o de sua mulher, na TV Globo, os contratos comerciais e sua carreira, pelo menos no médio prazo, estariam inviabilizados, em caso de derrota. Em caso de vitória, bem, aí seria mesmo outro jogo, outra vida, outro destino.
Carlos Melo, cientista político. Professor do Insper.
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